O relato do primeiro contacto diplomático entre o Japão e o Ocidente

Realizou-se no dia 25 de março de 2025, na Sala de São Pedro da Biblioteca Geral da Universidade de Coimbra (BGUC), mais uma sessão do ciclo «Tesouros da BGUC», uma iniciativa da sua Liga de Amigos (LIBUC). Intitulada «Uma joia incomparável», a sessão foi dedicada à obra De missione legatorum Iaponensium..., publicada em Macau, em 1589, e considerada um dos mais notáveis testemunhos do primeiro contacto diplomático entre o Japão e o Ocidente.

Na sessão, celebrou-se não apenas uma raridade bibliográfica, mas também um episódio marcante da história global. O relato da célebre embaixada Tenshō, protagonizada por quatro jovens samurais cristãos enviados à Europa no século XVI, constitui um testemunho precoce de globalização — e uma ponte simbólica entre culturas, séculos e saberes.A Professora Margarida Miranda, da Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra, enquadrou a embaixada no contexto da missão jesuítica no Japão e abordou a complexa questão da autoria do texto, propondo uma leitura cultural e simbólica desta obra como manifestação do diálogo entre Oriente e Ocidente na Época Moderna.

A. E. Maia do Amaral, bibliotecário da BGUC, apresentou os aspetos materiais do exemplar conservado na Biblioteca, um dos poucos sobreviventes das edições conhecidas. Destacou ainda a importância do documento enquanto artefacto editorial híbrido, produzido nos limites técnicos e geográficos do mundo conhecido da época, e refletiu sobre a sua receção na Europa, incluindo a célebre menção feita por Richard Hakluyt, que lhe chamou «uma joia incomparável».