De 2 a 4 de outubro, decorrem, na Casa Municipal da Cultura, as primeiras Jornadas Municipais de Paleografia e Diplomática, promovidas pela Divisão de Bibliotecas e Arquivo Histórico do Município, com o apoio da Liga dos Amigos da Biblioteca Geral da Universidade de Coimbra. A iniciativa tem com o objetivo aprofundar os conhecimentos práticos de leitura e de transcrição de documentos manuscritos municipais portugueses dos séculos XV a XVIII e das abreviaturas e sinais auxiliares de escrita.

‍As inscrições, limitadas a 25 pessoas, são gratuitas e podem ser feitas até 30 de setembro, através do e-mail arquivo.historico@cm-coimbra.pt.

O objeto de estudo em análise será o fundo documental do Arquivo Histórico Municipal de Coimbra, possibilitando a difusão da sua riqueza patrimonial e dando enfâse à reflexão sobre matérias inéditas: o valor da escrita e da gestão municipal; escrivães e pregoeiros municipais; as assinaturas autógrafas dos vereadores e o contributo para o estudo dos níveis de alfabetização; os tombos de bens municipais; correspondência; livros de receitas e despesas.

No âmbito do programa vão decorrer, também, outros espaços de reflexão ligados à importância arquivística, com a presença de Ana Margarida Dias da Silva, do Departamento de Ciências da Vida – Colégio de São Bento de Coimbra, de Diogo Vivas, do Arquivo Municipal de Lagoa, e de Paula França, do Arquivo Histórico de Coimbra.

A comissão científica da iniciativa é composta por Maria José Azevedo Santos, autora da primeira tese de doutoramento (1989), em Portugal, na área da paleografia e diplomática latinas na alta idade média, com o título “Da visigótica à carolina – a Escrita em Portugal de 882 a 1172”, e Saul António Gomes, do Departamento de História, Estudos Europeus, Arqueologia e Artes da Faculdade de Letras, que na tese de doutoramento escreveu sobre a produção documental da chancelaria do Mosteiro de Santa Cruz de Coimbra, nos séculos XII a XIV.

As Jornadas têm como público-alvo estudantes, investigadores, bibliotecários, arquivistas, museólogos e todos os interessados no tema.

A origem da Paleografia é, vulgarmente, atribuída ao monge beneditino D. Jean Mabillon (século XVII), embora outros autores já a tenham aflorado anteriormente. Trata-se de uma área científica e pedagógica que fornece os fundamentos para decifrar a escrita, possibilitando a leitura e a interpretação correta dos documentos antigos, bem como os métodos, as técnicas de fabrico de instrumentos e os suporte da escrita. Esta ciência, configura-se, pois, como uma História da Cultura Escrita, ocupando-se da produção, das características formais e dos testemunhos registados de uma sociedade.