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Tesouro da BGUC: o espólio pessoano de Eduardo Lourenço e a análise das suas (re)leituras de «Vida e obra de Fernando Pessoa», de João Gaspar Simões

Publicado a 

18

 

July

2024

A primeira iniciativa deste ano do ciclo Tesouros da BGUC, aconteceu no no dia 16 de julho. Com moderação do Doutor José Bernardes, os convidados falaram sobre a necessidade de refletir o que são verdadeiramente  os «Tesouros» de uma biblioteca e, em particular a pessoana de EL (A. E. Maia do Amaral) e «SUBMERGIR A GRANDEZA SOB AS EXPLICAÇÕES O Pessoa de João Gaspar Simões na leitura anotada de Eduardo Lourenço» (Osvaldo Silvestre).

...um monumento único da incompreensão simultânea de um homem e da poesia em geral. Só um antipoeta, um crítico no sentido mais deplorável da palavra podia ter escrito uma tal desfiguração da criação poética, da qual não tem uma longínqua ideia.
Eduardo Lourenço, «O Pessoa de Gaspar Simões», Obras Completas, IX, p. 77.

E, contrariamente a Casais Monteiro, reputo a obra do método do Prof. Jacinto do Prado Coelho objetivamente mais perniciosa e falsa que a de J. Gaspar Simões. A razão é muito simples. O livro de Gaspar Simões deformou a imagem do homem poruma explicação grosseira e simplista. O livro de Prado Coelho reduz ao absurdo ou à trivialidade a poesia mesma de Fernando Pessoa. A primeira é um caso de incompreensão psicológica (embora com prolongamentos estéticos). A segunda é umcaso de incompreensão estética (embora com prolongamentos psicologistas).
Eduardo Lourenço, «Fernando Pessoa ou a quadratura dos críticos», Obras Completas, IX, p. 87.

Infelizmente, no caso de Pessoa e no momento em que o autor de Diversidade e Unidade em F.P. escrevia o seu ensaio, essa vida – ou antes a sua imagem – era a da biografia de Pessoa por J. Gaspar Simões. Não é aqui o momento de a reconsiderar como merece. Tal como é, permanece insubstituível e quase inservível. Mas as consequências da imagem de Pessoa sobre a hermenêutica da sua poesia são incalculáveis.
Eduardo Lourenço, «A 3ª reedição de Diversidade e Unidade em Fernando Pessoa, de Jacinto do Prado Coelho»,Obras Completas, IX, p. 92.